CONTOS DESCONEXOS OU COM NEXO!!!
As aventuras de Nando nas florestinhas...
parte um
É difícil não remeter-me ao passado, onde lembro-me constantemente de uma infância feliz, e
cheia de humores que considero transcendentais... Essas historinhas aconteceram, desde e porque
lembro-me de tantas coisas de minha primeira infância, na verdade lembro de coisas com um ano
ou menos. Mas vou começar contando mesmo é de quando tinha 3, 4, 5 anos... e minha mãe ficava
''louca'' tentando descobrir onde eu estava...
A propriedade de meu pai, era nos meus olhos infantis, como um grande reino... Um hotel bem
acabado de 22 apartamentos, um restaurante, que fora também uma churrascaria... Tudo cercado de
muito verde em 13 alqueires, distribuído, também por pastos e pequenos bolsões da mata, e também
mata ciliar... Os fundos que estendiam desde do restaurante até o hotel, tinha (tem ainda) uma
extensão de cerca de 200m, e esse filete de terra continha as mais variadas arvores frutíferas...
Menos jabuticaba e manga (que se encontravam em outro setor da propriedade...) Aquela
propriedade era a ponta da grande fazenda outrora, conhecida como “Conquistinha”, que fora de
meus avós e dividida em 9 herdeiros, com eles ainda em vida... Mas isso não interessa muito agora.
Logo ao lado do hotel, havia outra pequena mata, onde os cipós eram protuberantes sobre as
arvores gigantescas ( sobretudo para mim um ser miúdo de apenas 3 anos ). Lembro que eu, meus
irmãos, primos e primas, amigos e amigas; vivíamos balançando de um galho a outro, e de uma
arvore a outra... Hoje não entendo de onde vinha tanta coragem, pois lembro que as vezes de uma
arvore a outra percorria até 10 metros e mais ou menos 5 m de distância do chão. Ali nós nos
dividíamos em grupos, principalmente entre os mais velhos; pertencentes ao meu irmão e/ou algum
primo e os mais novos, onde eu geralmente me inclua e comandava... Ali, desta maneira, sempre
havia competições e entre horas de brincadeiras, descansávamos ora e outra, nos deliciando de
amoras frescas e outras frutinhas... Preparávamos para as broncas da mamãe, que geralmente depois
de esbravejar muito, nos deliciava com seus bolos e chocolate gelado batido no liquidificador, as
vezes também com outros quitutes, e nunca faltava um suco geladinho... Ah! É claro, não se podia
entrar na cozinha, antes que lavássemos bem os pés, o rosto e as mãos... E tirar as camisetas toda
sujas, inclusive as garotinhas em toda suas inocências...
Mas muito brava mesmo ficava minha mãe, quando sorrateiramente eu escapulia com destino ao
''Ranchão'', que era chamado assim, pois meu tio Artur, tinha um restaurante em forma de rancho,
por isso o nome. Quando na verdade a casa (separada do restaurante), nada menos foi, que a sede de
toda a fazenda de meus avós; pois então: Conquistinha...
Muitas vezes eu ia pra lá pela estrada, 2km em média, ou então por dentro dos pastos, e muitas
vezes me perdia na florestinha, onde passava um riachinho das águas que nasciam mais acima no
“Catetinho”; sim esse era o nome que meu pai deu a sua propriedade em homenagem aquela que foi
a morada oficial de Juscelino Kubistchek durante a construção de Brasília...
Naquela florestinha me demorava por muito tempo... Era estranho como ali sentia que era o meu
recanto... Era um lugar especialmente iluminado, com várias ondulações de raios solares, onde eu
observava pequeninos seres, desde de formigas, até esquilos... E mais a frente contarei meu
encontro com uma jaguatirica... Aquelas arvores se mostravam multicoloridas, e na primavera as
diversas flores que caíam ao chão, e em especial exuberância, as flores rosas de alguns ''flamboians”
gigantes; faziam parecer que eu pisava em tapetes voadores e mágicos... Bem depois costumava
sair da floresta e novamente me colocava a andar pelo caminho rumo a “Conquistinha”, o que eu ia
fazer lá não tinha muito sentido, a não ser perguntar, brincar e balançar no balanço, com Lorena;
sim Lorena; minha priminha loira, que imaginava sendo minha namoradinha. Tanto que meu tio
Artur, costumava me chamar, em seu dialeto rápido; de Lorena, Lorena... Mas hoje não tem nada a
ver mais, Lorena criancinha é uma realidade diferente e pura... Apesar de ela ser uma mulher
bonita... Mas não era essa a questão!
No meu caminho passava por tantos obstáculos não comuns a uma criancinha e por vezes por
entre os enormes bois nelores, por meu pai arrendar os pastos... Eu passava pela represinha que
meu pai construiu, e que tem no centro várias palmeiras de coquinho araça, e não conseguia não
olhar pra elas... E tentando entender como elas estavam ali; no meio da represa.
Isso me remetia a momentos prévios em que papai passeava ali com a gente... Antes de chegar na
represa, ainda havia as gigantescas mangueiras, que até hoje são grandes para o eu adulto, quanto
mais para aquela criança que eu era... As mangas eram da espécie “sabina”, consagradamente a
melhor manga que comi... E quem conhece e experimenta essa manga, tem a mesma opinião.
Lembro que após transpor a última cerca que me deixava livre pra correr; na propriedade de meu
tio; ia a uma distância de mais ou menos 100m gritando: “Lorena, Lorena, Tio Artur, Tia Leida
(Aleida)”... Eles muitas vezes se assustavam, de como aquele garotinho chegava ali sozinho, eles
imediatamente ligavam pra minha - já desesperada mãe - e me ofereciam vários quitutes e chocolate
gelado e/ou sucos, em seguida, atônitos com minhas inquietudes infantis.
Logo estávamos eu, Lorena, Rívia, Tandi; e por muitas vezes também seus primos que ali
estavam, balançando nos balanços, e correndo sob as imensas mangueiras; mais uma vez de manga
''sabina''... Outra vezes levava minha irmã e alguns primos e amigos...Era uma diversão especial,
aquela casa, que muito bem cuidada e decorada por minha tia – e que outrora foi a sede da fazenda -
se preservava cercada de matas, onde ainda hoje todos se divertem nos banhos na cachoeirinha ali
existente... Num visual privilegiado de matas e vales verdejantes...
Não é fácil descrever todas aquelas aventuras e todos as maravilhosas sensações daquela
infância... Era uma delícia... Meus tios muitas vezes me levavam de carro até em casa, onde mamãe
invariavelmente me dava boas palmadas no 'bumbum', e ralhava muito comigo. Papai por sua vez
expressava um sorriso tímido – pra não deixar minha mãe agitada - mas pretensioso, por achar
graça em minhas peripécias...
Não eram poucas as vezes em que meus tios intercediam por mim... Assim como não eram poucas
as vezes em que eu ia embora sozinho, e antes que eles percebessem minha ausência eu já me
encontrava, a meio caminho, na estradinha de chão batido que ligava todas as fazendas da região...
Ali muitas vezes eu voltava feliz e serelepe, sem imaginar as bravuras de minha mãe... Aquilo em
minha vida era tão natural e espontâneo, que eu era incapaz de perceber minha ''inconsequência”...
Que esse mundo de liberdade, personalidade, encanto e beleza; possa se fazer presente novamente
em minha história eterna... E que vida após vida eu possa sempre sentir este gosto de transcendência
e doçura; onde todas as broncas de minha mãe, sejam apenas para incrementar as aventuras de
Nando nas florestinhas...
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